sábado, 24 de julho de 2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Semeadores do Bem

Estamos a um passo de mais um termino
de ano e fica a minha pergunta: o que
fizeste de positivo para ti e toda humanidade?
foste bom?
generoso?
compreensivo?
soube lidar com perdas?
soube perdoar?
vc abraçou seus filhos.....
deu bom dia aos vizinhos? deu bom dia aos
seus nobres e inteligentes animais?
Temos vida de reis e rainhas se olharmos
em nossa volta e prestarmos atenção..
Tenho tido dias em que reflito muito sobre
tudo de ruim que acontece no mundo,mortes
absurdas,crianças que sofrem de fome e frio.
Idosos esquecidos pelos filhos e o velho tempo.
Temos tempo para sermos Semeadores do Bem.
Dignifica nossa alma e ajuda nosso semelhante,
vamos dar as mãos e seguir JUNTOS!
A Vida é linda e TODOS tem o direito a saboreá-la
sem medo de Amar!
Vamos dar um basta em tudo que existe de ruim,
vamos dar um basta na fome!
guerra!
sede de água e viver!
falta de Fé!
vamos orar em silencio ou não!
Com Deus em nosso coração e alma tudo podemos!

Isabel Bella 15/07/20

terça-feira, 13 de julho de 2010

Jenário de Fátima No Correio Brazilense

O eletricista Jenário se dedica, também, à poesia

Quando completou 50 anos, o eletricista Jenário de Fátima, homem de vida dura, descobriu que tem veia poética. E já tem até uma comunidade de fãs no Orkut

Leilane Menezes

Publicação: 12/07/2010 08:31 Atualização: 12/07/2010 13:59

Quem contrata os serviços do eletricista Jenário de Fátima, 55 anos, morador de Taguatinga, não imagina, mas os talentos dele vão muito além de consertar qualquer fiação. Entre um reparo e outro, se surgir inspiração, o homem de jeito simples, calçado com botinas marrons, usando quase sempre em um chapéu cinza despojado, porém elegante, faz poesia. Alcança o papel mais próximo das mãos, procura desesperadamente por uma caneta e começa a escrever. Quando não encontra outros artifícios, digita tudo no celular mesmo. Afinal, há que se aproveitar cada momento iluminado em que nasce um novo verso. “Se você não correr, a poesia passa. Depois não adianta tentar lembrar”, diz.



Jenário é Jenário, mas poderia ser João ou José. O começo da história dele se parece com o de muitos brasileiros. Parou de estudar antes de completar o segundo grau. O filho de agricultores cresceu cercado de muito carinho, mas precisava trabalhar para viver. Também necessitava de poesia como de ar para continuar de pé, mas isso teve de ficar para depois. Desde sempre, o menino pobre aprendeu a esperar. Jenário nasceu poeta, em 21 de maio de 1955. Veio ao mundo pelas mãos de uma parteira, em uma casa da área rural de Itapuranga (GO). Mudou-se para Brasília nos anos 60, fugindo da miséria absoluta com a família, como ele mesmo diz. Desde rapaz, vive uma vida secreta. Até um dia desses, não tinha coragem de mostrar seus escritos a ninguém. Não vai a saraus nem se mistura com outros artistas de Brasília.

Há quatro anos, começou a frequentar a internet. Entrou em salas de bate papo e fez amigos “intelectuais”, professores de várias universidades federais e estaduais do Brasil a fora e poetas profissionais. “Eles começaram a colocar meus sonetos em blogs, Orkut e tudo mais. Quando eu vi, já tinha até admiradores”, orgulha-se. Os amigos virtuais o ajudaram com a gramática e se encantaram com seus poemas super-românticos. São mais de 300. “Só gosto de uns 30. Eu falo muito de amor e desamor. Acho que o desamor agrada mais os leitores. Os mais velhos costumam se identificar mais com os meus sonetos. Acho que esse tipo de poesia está fora de moda e eu nasci na época errada.”

Estrela
Ele é quase uma celebridade na internet. Com direito a comunidade de fãs no Orkut, com mais de 1,3 mil participantes. Tem ainda vídeos com as letras de suas poesias acompanhadas de fundos musicais no YouTube que contam com 200 mil acessos. Os links que trazem o nome de Jenário de Fátima no Google chegam a quase 80 mil. Jenário já teve inclusive poesias traduzidas para mandarim, inglês e espanhol, segundo ele mesmo, sem possibilidade de confirmar a informação.

Também faz música. Suas canções foram gravadas por algumas bandas locais. Teve poemas reproduzidos em jornais e revistas de circulação nacional. Mas nunca escreveu um livro. “Tenho medo de não ser poeta de verdade. Tenho medo de escrever para ninguém ler. Por isso nunca corri atrás disso.” Ainda hoje, os vizinhos não o conhecem. A família não lê suas poesias. “É todo mundo de origem muito simples, pouca gente lá em casa gosta.” Jenário é casado há 30 anos, tem duas filhas — Cora, em homenagem a Cora Coralina, e Maria Luísa — e uma neta, Yasmin, 2 anos, que nem imagina que o carinhoso vovô é poeta.

O motivo de tanta atenção no mundo virtual são os sonetos escritos pelo poeta. “Poeta, eu?”, pergunta Jenário, todo acanhado. “Sim, Jenário, você”, dizem os admiradores. Elogio ao qual Jenário responde assim: “A poesia me compensa. É uma fuga das dificuldades da vida. Nasci poeta, só pode ser”. Simples assim. Jenário gosta de Mário Quintana, um arquiteto de versos da simplicidade e da beleza. Também viaja na poesia de Augusto dos Anjos, porta-voz da escuridão. Talvez porque ele mesmo tenha dentro de si de sentimentos ambíguos ou, quem sabe, complementares.

Começo
O homem magro, de estatura mediana, cabelos brancos e desgrenhados carrega no rosto um sorriso simpático, mas castigado. Começou recentemente um tratamento dentário e por enquanto evita sorrir. São marcas da vida. Ele tomou gosto pela poesia há cinco anos, quando tinha 50. Leu em um jornal amarelado, que encontrou com um empurrão do destino, o soneto Anjo enfermo, de Afonso Celso, poeta mineiro nascido em 1860. O poema dizia: “Geme no berço, enferma, a criancinha, que não fala, não anda e já padece... Penas assim cruéis, por que as merece quem mal entrando na existência vinha?! O melindroso ser, a filha minha…Como te aperta a angústia o frágil peito… Se viu morrer Jesus, quando homem feito, nunca teve uma filha pequenina!...”.

Jenário ficou chocado. Extasiado. Apaixonou-se. “A poesia tem dessas coisas. É esse o encanto.” Depois disso, quis saber se conseguiria fazer algo parecido. Optou por criar apenas sonetos. “Não fui eu que escolhi fazer soneto, foi o soneto que me escolheu”, explicou. Antes disso, só escrevia letras e melodias de música. Também toca alguns instrumentos.

Aprendeu tudo sozinho ou com a vida. Antes disso, tentou ser empresário. Tinha uma pequena firma de construção. “Mas eu gastei demais e o negócio faliu.” Depois da falência, Jenário se refugiou nos poemas, o único tesouro que restou. “A tristeza ajuda o poeta. Quando fico assim, saem os melhores poemas”, acredita. “Dia desses me perguntaram por que eu não escrevia muito antes. Aí eu contei a história da empresa, estava sempre ocupado. Uma menina me disse: ‘Que bom que sua firma não deu certo’. Esse tipo de elogio me faz acreditar em mim.” Dia desses, uma amiga disse a Jenário: “Seus dias de anonimato estão contados”. Há também quem duvide do talento de Jenário. Para esses, ele diz, citando Mário Quintana, um de seus ídolos: “Eles passarão, eu passarinho”.

Métrica poética

Um soneto deve ser curto. Pode ter 14 versos divididos em dois quartetos (grupos de quatro versos) e dois tercetos (três versos) ou ainda três quartetos e um dístico (dois versos).

Os versos devem possuir a mesma métrica, ou seja, o mesmo número de sílabas poéticas, que são totalmente diferentes de uma sílaba comum.


A produção

Conheça alguns poemas de Jenário de Fátima

Eu, poeta?

Eu poeta?! Qual nada,
sou apenas
Alguém que inventa
uns versos por caprichos,
Versos quebrados,
simples, fáceis, michos
De rimas pobres,
de rimas pequenas.

Rimas que por aí
se encontram às centenas.
Basta uma olhadela,
um pequeno espicho
Do seu pescoço, pra
se achar o nicho
De onde elas fluem
livres e serenas.

Meu verso simples
vem da tarde mansa
Da casa pobre ou menino
de rua De povo heróico
que jamais descansa.

Do sol que queima
ou do clarão da lua.
De tantas coisas
presas na lembrança
E da insanidade
que ora me acua.


Certos amores

Certos amores nos
deixam marcados,
Duras sequelas,
fundas cicatrizes,
Feito dragões no corpo
tatuados Em cores
fortes e densas matizes.

E esses dragões podem
ser encontrados,
Nos dias tristes, cinzas,
infelizes, Que se arrastam
sempre tão demorados
Nos condenando
feito maus juizes.

E pensamos fugir...
Mas fugir pra onde?
Se eles nos seguem
sempre, aonde vamos?
E mesmo que a mente
uma maneira sonde

O coração não faz
o que queremos.
E dói-nos inda mais
se constatamos,
Pois quando os olhos
fecham, mais os vemos!


Aviso

Ninguém amou da forma
a qual amei...
Gostar como eu gostei,
ninguém gostou.
Porém, somente foi
quando acabou,
Que mesmo tão perdido
eu me encontrei.

De tudo aquilo que
fantasiei, Dos mundos
onde meu sonhar andou,
Apenas tão somente
só guardei As bases
da estrutura que ora sou.

Tenho um olhar
hoje mais que duro
Às vezes antevejo
até no escuro Coisas
que no amor sei: não têm jeito.

Então eu abro a
face e num sorriso
Entendo que aquilo
é um aviso De que já
não me cabe dor no peito.


Acalanto

Sonhei um sonho,
e nesse sonho havia.
Um algo assim de arrolo,
de acalanto.
Um algo assim de
êxtase e de encanto.
Era um enlevamento
o que sentia.

Só que em meu sonho,
eu não conseguia,
Saber de onde vinha
aquele canto.
Por mais que eu
procurasse no entanto,
A voz que o cantava se escondia.

Foi no acordar então
que dei por mim.
Quando se sonha
alguma coisa assim,
É a mão de Deus que
em nós se faz sentir.

E ficou claro que não entendia.
A voz que ouvi era voz de Maria,
Cantarolando pra Jesus dormir.

segunda-feira, 5 de julho de 2010