sábado, 26 de dezembro de 2009

Arrumação

Rever embalagens
Prazos vencidos
Papéis esmaecidos
Em armários esquecidos
Em algum lugar dentro de mim
Em algum lugar do passado
Deixar depositado
O enredo inacabado
Que já não serve para mim
Esgotar todos os medos
E ouvir os meus segredos
Que gritam para ter fim
Deixar a luz da aurora
Trancada do lado de fora
E partir Em busca de luz própria
A folha transparente
Que me envolve
Em laços corroídos
E presentear aberta
Ao perfume do jasmim
Dizer que não vejo a hora
De ser a fome que te devora
De me amoldar à forma
Que te contorna
De ter você perto de mim
Um ciclo que se abre
Um ciclo que se fecha
Numa gaveta pregressa
Vou me perdendo de mim
Autoria-Maria Valéria Revoredo

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Encontro

No céu o Sol brilhando
Passos firmes no chão
Vai o menino caminhando
Com uma flor na mão

Agora segue apressado
Mas se aprontou com zelo
Tomou um banho demorado
Passou gel no cabelo

Finalmente ali está ela
Criatura tão formosa
Boca rosada, carnuda, bela
Pele macia, pele cheirosa

Entrega-lhe a flor
Um presente singelo
Recebe em troca um sorriso
Ah, supremo anelo!

Celebrando o encontro esperado
Um beijo doce sabor de anis
Batem juntos, não mais separados
Estes dois corações juvenis

Então ao cair da tarde
Após tão suave desatino
A paixão em seu peito arde
E volta pra casa o menino

Autor- Alex Porahy

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Além da Terra



Não deixes nunca que as palavras tuas,
Espalhem o fel que a tua dor destila,
Propagando a tristeza que desfila,
Neste palco da vida em que atuas.

Transformes este fel em gotas d'água,
Para lavares o teu desencanto,
Porque não curarás dores com pranto
E pranto algum enxugarás com a mágoa.

Na tumba do que foi, jaz o passado...
Não enterres lá, do hoje, as chances tidas,
Que o parto da manhã é ignorado.

Não reclames da dor que o mundo encerra:
Se aqui gotas de fel são ingeridas,
Há fontes de água pura além da Terra.

(Sá de Freitas)

domingo, 13 de dezembro de 2009



Travessia
Atravesses tua ponte
Feches teus olhos, venhas sem medo
Encontrarás teu maior segredo:
Teus desejos inconscientes ali defronte
Verás então que a distância
Não se mede pelos mares
Mas pelo encanto de olhares
Que preencher-te a ti é tua ânsia
E repleto de estares sozinho
Adoces as águas que adornam a ponte:
São tuas próprias esperanças
Que jamais secaram na fonte
Verás que águas doces são preferidas
Por não aceitarem medidas
Quando fazem rimar as vidas
De duas almas divididas

Poetisa - Maria Valéria Revoredo